Black Lives Matter

Há quatro anos, o que agora é conhecida como Rede Global Black Lives Matter começou a se organizar. Começou como uma organização liderada por membros, baseada em capítulos, cuja missão era construir o poder local e intervir quando a violência era infligida às comunidades negras pelo Estado e pelos vigilantes.

Nos anos seguintes, comprometemo-nos a lutar juntos e a imaginar e criar um mundo livre do anti-negrume, onde todo negro tem poder social, econômico e político para prosperar.

O Black Lives Matter começou como um chamado à ação em resposta à violência sancionada pelo Estado e ao racismo anti-Negro. Nossa intenção desde o início era conectar pessoas negras de todo o mundo que compartilham o desejo de que a justiça agisse em conjunto em suas comunidades. O ímpeto desse compromisso foi, e ainda é, a violência desenfreada e deliberada infligida a nós pelo Estado.

Enfurecidos com a morte de Trayvon Martin e a subsequente absolvição de seu assassino, George Zimmerman, e inspirados na aquisição de 31 dias do POWER U e dos Dream Defenders no Capitólio do Estado da Flórida, fomos às ruas. Um ano depois, partimos juntos no Passeio da Liberdade do Black Lives Matter para Ferguson, em busca de justiça para Mike Brown e todos aqueles que foram despedaçados pela violência sancionada pelo Estado e pelo racismo anti-Negro. Para sempre mudamos, voltamos para casa e começamos a construir a infraestrutura da Rede Global Black Lives Matter, que, mesmo em sua infância, tornou-se um lar político para muitos.

Ferguson ajudou a catalisar um movimento ao qual todos ajudamos a dar vida. Os organizadores que chamam essa rede de casa expulsaram políticos anti-negros, ganharam uma legislação crítica para beneficiar vidas negras e mudaram os termos do debate sobre a negritude em todo o mundo. Através do movimento e da construção de relacionamentos, também ajudamos a catalisar outros movimentos e mudamos a cultura de olho nos perigosos impactos do anti-negrume.

Estes são os resultados de nossos esforços coletivos.

A Rede Global Black Lives Matter é tão poderosa quanto é por causa de nossos membros, nossos parceiros, apoiadores, nossa equipe e você. Nosso compromisso contínuo com a libertação de todos os negros significa que continuamos o trabalho de nossos antepassados e lutamos por nossa liberdade coletiva, porque é nosso dever.

Todos os dias, nos comprometemos a curar a nós mesmos e a outros, e a co-criar, ao lado de camaradas, aliados e família, uma cultura em que cada pessoa se sente vista, ouvida e apoiada.

Reconhecemos, respeitamos e celebramos diferenças e pontos em comum.

Trabalhamos vigorosamente pela liberdade e justiça para os negros e, por extensão, para todos.

Intencionalmente, construímos e nutrimos uma comunidade amada que se une por meio de uma bela luta que é restauradora e não empobrecedora.

Somos, sem desculpa, negros em nosso posicionamento. Ao afirmar que Black Lives Matter, não precisamos qualificar nossa posição. Amar e desejar liberdade e justiça para nós mesmos é um pré-requisito para querer o mesmo para os outros.

Nós nos vemos como parte da família negra global e estamos cientes das diferentes maneiras pelas quais somos impactados ou privilegiados como pessoas negras que existem em diferentes partes do mundo.

Somos guiados pelo fato de que todas as vidas negras são importantes, independentemente da identidade sexual real ou percebida, identidade de gênero, expressão de gênero, status econômico, capacidade, deficiência, crenças ou descrenças religiosas, status de imigração ou localização.

Abrimos espaço para os irmãos e irmãs transgêneros participarem e liderarem.

Somos auto-reflexivos e realizamos o trabalho necessário para desmantelar os privilégios cisgêneros e elevar o povo trans preto, especialmente as mulheres negras trans que continuam a ser desproporcionalmente afetadas pela violência antagônica.

Construímos um espaço que afirma as mulheres negras e é livre de sexismo, misoginia e ambientes nos quais os homens estão centrados.

Nós praticamos empatia. Nós envolvemos camaradas com a intenção de aprender e nos conectar com seus contextos.

Tornamos nossos espaços adequados para famílias e permitimos que os pais participem plenamente de seus filhos. Desmantelamos a prática patriarcal que exige que as mães trabalhem em "turnos duplos" para que possam ser mães em particular, mesmo quando participam do trabalho de justiça pública.

Interrompemos o requisito de estrutura nuclear prescrita pelo Ocidente, apoiando-nos como famílias ampliadas e “aldeias” que se preocupam coletivamente, principalmente com nossos filhos, na medida em que mães, pais e filhos se sentem confortáveis.

Promovemos uma rede queer-afirmando. Quando nos reunimos, fazemos isso com a intenção de nos libertarmos das garras do pensamento heteronormativo, ou melhor, da crença de que todos no mundo são heterossexuais (a menos que eles divulguem o contrário).

Cultivamos uma rede intergeracional e comunitária livre de envelhecimento. Acreditamos que todas as pessoas, independentemente da idade, aparecem com a capacidade de liderar e aprender.

Incorporamos e praticamos justiça, libertação e paz em nossos compromissos uns com os outros.